quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Momento Histórico da Segunda Geração Modernista Brasileira (1930-1945)

Do ponto de vista histórico e político, o ano de 1930 inaugurou um novo período no Brasil, com desgaste da política do Café-com-Leite; Quebra da Bolsa de Nova Iorque ( 1929); Revolução de 30; Industrialição e Diversificação do Capital; Remodelação da Estrutura econômica, entre outros fatores, abrindo um espaço de mudanças.
Em termos culturais amplos, trata-se de um momento de busca de novos caminhos: Filosóficos, sociais, políticos, existenciais. Na Literatura, a Segunda Geração do Modernismo é a expressão desse momento.

Caracteristicas Literárias da Segunda Geração Modernista Brasileira:

- Prolonga e aprofunda as propostas e realizações de 1922.
- Concilia elementos da tradição e elementos de modernidade.
- Concilia Nacionalismo e Universalismo.
- Poesia: Poetas de cosmovisão.
- Prosa: Neo-realismo.
- Engajamento dos escritores nas questões sociopolíticas de seu tempo.


Principais escritores e obras da Segunda Geração Modernista brasileira.

-Marco Vinicius de Melo Moraes ( 1913-1918). O Poeta do Eros.

Biografia: Vinicius de Moraes nasceu e faleceu no Rio de Janeiro, onde se formou em Direito.
Estudou literatura inglesa em Oxford e foi diplomata, vindo a servir nos Estados Unidos, na Espanha, no Uruguai e na França. Mas nunca perdeu o contato com a vida literária e cultural de sua cidade, da qual se tornou uma das expressões típicas.
O poeta carioca é conhecido e reconhecido como um trovador moderno: resgatou a secular relação entre música e poesia, compondo e cantando suas criações, sempre em parceria com outras grandes vozes da Música Popular Brasileira.
Ocupa, assim, lugar de destaque não só na literatura, mas na MPB, onde brilha ao lado de poetas-cantores, como Caetano Veloso, Chico Buarque de Holanda, Gilberto Gil, Arnaldo Antunes, Nando Reis etc.

Poema:

Poema do olhos da amada (fragmento)

Ó minha amada
Que os olhos teus
São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe nos breus...

                                    Vinicius de Moraes


-Cecília Meireles (1901-1964) A Poeta de essências delicadas e sutis.

Biografia: Carioca como Vinicius, Cecília passou a infância no Rio, em contato com a avó materna, açoriana.
Professora primária, dedicou-se ao magistério. No ínicio de carreira, fez parte do grupo espiritualista católico Festa, do qual posteriormente se afastou. Foi professora de literatura brasileira nas Universidades do Distrito Federal e do Texas.
Viajou por vários países, como México e India, mas se deteve principalmente em Portugal, onde ganhou reconhecimento como uma das maiores vozes poéticas de lingua portuguesa contemporânea.Faleceu no Rio de Janeiro, aos 63 anos.

Poema:

Reinvenção (fragmento)

A vida só é possivel
reinventada.


Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vêm de fundas piscinas
de ilusionismo...-mais nada.
[...]


                                                    Cecília Meireles         


-Murilo Monteiro Mendes (1901-1975) O poeta surrealista.

Biografia: Mineiro de Juíz de Fora, Murilo Mendes sempre se caracterizou pela inquietação.
Dedicou-se a atividades díspares, como auxiliar de guarda-livros, prático de dentista, telegrafista aprendiz e enfim Inspetor Federal de Ensino.
Estreou como escritor em revistas do Modernismo - Terra roxa e outras terras e Antropofagia - vindo a adquirir proximidade com as vanguardas primitivistas e surrealistas, com as quais dialogou a vida toda. Em 1934, convertido ao catolicismo, passou a defender uma arte que transmitisse conteúdos religiosos de forma radicalmente nova.
Desde 1953 viveu na Europa, predominantemente em Roma, onde foi professor de literatura brasileira. Sua morte ocorreu em Lisboa.

Poema:

Pré-História

Mamãe vestida de rendas
Tocava piano no caos.
Uma noite abriu as asas
Cansada de tanto som,
Equilibrou-se no azul,
De tonta não mais olhou
Para mim, para ninguém:
Cai no álbum de retratos.
                                                 Murilo Monteiro Mendes


Jorge de Lima (1895-1953) O poeta profeta

Biografia: Natural de Alagoas, Jorge de Lima estudou Humanidades em Maceió e Medicina em Salvador e no Rio de Janeiro, tendo exercido a profissão em Maceió e também no Rio.
Sempre muito interessado em artes plásticas, lecionou literatura na Universidade do Brasil e participou políticamente - como vereador - nos anos posteriore á queda da ditadura getulista.
O contato com o Modernismo nacionalista da primeira geração e a posterior conversão a uma forma dramática e moderna de catolicismo constituem fatos capitais de sua trajetória humana e literária. Faleceu no Rio de Janeiro.

Poema:

Anunciação e encontro de Mira-Celi

Quando te aproximas do mundo, Mira-Celi,
sinto a sarça de Deus arder, em círculo, sobre mim;
estão mil demônios nômades fogem nos últimos barcos,
E as planuras desertas se ondulam volutuosas.
Quando, porém, te afastas, os homens se combatem entre ranger de dentes;
a vida se torna um museu de pássaros empalhados
e de corações estanques dentro de vitrinas poentas;
infelizes crianças, que nasceram em bordéis, escondem-se atrás dos móveis,
com medo dos homens bêbados;
paira no ar um cheiro de mulher recém-poluida;
passam aviadores desmemoriados em cadeiras de rodas;
vêem-se tanques transformados em gaiolas de pássaros;
E submarinos apodrecendo em salmoura de suor.
[...]
                                                                      Jorge de Lima
 
Carlos Drummond de Andrade .  O poeta da escavação do real.

Biografia:
Nasceu em Minas Gerais, em uma cidade cuja memória viria a permear parte de sua obra, Itabira. Posteriormente, foi estudar em Belo Horizonte e Nova Friburgo com os Jesuítas no colégio Anchieta. Formado em farmácia, com Emílio Moura e outros companheiros, fundou "A Revista", para divulgar o modernismo no Brasil. No mesmo ano em que publica a primeira obra poética, "Alguma poesia" (1930), o seu poema Sentimental é declamado na conferência "Poesia Moderníssima do Brasil", feita no curso de férias da Faculdade de Letras de Coimbra, pelo professor da Cadeira de Estudos Brasileiros, Dr. Manoel de Souza Pinto, no contexto da política de difusão da literatura brasileira nas Universidades Portuguesas. Bem, durante a maior parte da vida, Drummond foi funcionário público, embora tenha começado a escrever cedo e prosseguindo até seu falecimento, que se deu em 1987 no Rio de Janeiro, doze dias após a morte de sua única filha, a escritora Maria Julieta Drummond de Andrade. Além de poesia, produziu livros infantis, contos e crônicas.

Poema:

Poema de sete faces



Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida.


As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.


O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas,
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.


O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.


Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.


Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.


Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido com o diabo.


                                           Carlos Drummond de Andrade

sábado, 21 de agosto de 2010

Construindo e Aprimorando...

Blog em construção!


Esse blog foi criado com o intuito de dar informações sobre a 2º Geração Modernista através de um seminário escolar
Agradecemos a compreensão de todos!